Prof. Jorge Lopes
Este estudo introduz o uso de modelos físicos na pesquisa fetal, uma área com poucos estudos de modelagem tridimensional digital.
Os registros mais antigos de tentativas de representação gráfica de fetos são datadas desde 1500, como desenhos artísticos em museus e coleções privadas ao redor do mundo exemplificam. Leonardo da Vinci está entre os artistas que, com qualidade e refino, retratam visualmente os fetos; ele demonstra ao longo de vários estudos anatômicos o processo de desenvolvimento fetal.
O uso de modelos físicos para fins didáticos na medicina se popularizou na Itália, a partir do período Renascentista. Modelos de cera representando diferentes partes do corpo, incluindo as mudanças do corpo feminino durante a gestação, com foco em realismo visual surgem nessa época.
O crescente desenvolvimento tecnológico na captura e visualização de imagens por meios não invasivos trouxe grandes avanços na medicina, em especial na visualização do feto. Geralmente, são realizados dois tipos de exames para obter imagens da cavidade uterina durante a gravidez: ultrassonografia (USG) e imagem por ressonância magnética (MRI, da sigla em inglês magnetic resonance imaging).
Detalhe de modelo transparente de mulher grávida, com um feto dentro do útero visível. Impresso em tecnologia 3D multimaterial utilizando OBJET CONNEX; modelo obtido a partir da combinação de arquivos 3D obtidos por ressonância magnética e escaneamento corporal.
Modelo transparente de mulher grávida, com um feto dentro do útero visível. Impresso em tecnologia 3D multimaterial utilizando OBJET CONNEX; modelo obtido a partir da combinação de arquivos 3D obtidos por ressonância magnética e escaneamento corporal.
USG é usada na obstetricia há mais de 30 anos, e abriu uma nova janela para o estudo do feto. Atuamente, é o método principal de consultas de rotina do feto devido a sua segurança, operação relativamente simples, ausência de risco para a mãe e o feto e disponibilidade geral.
MRI é um método investigativo não-invasivo que oferece imagens de alta definição do corpo humano, usado de forma complementar à ultrassonografia.
A modelagem tridimensional virtual tem ganhado tração nos últimos anos devido à alta performance de softwares aplicados nos campos de engenharia, arquitetura e “design”. Por ter se tornado cada vez mais amigável, facilita a visualização de imagens em 3D. Essas imagens podem ser geradas por exames médicos — como MRI e USG — ou por métodos como tomografia computadorizada, escaneadores 3D a base de lasers (amplamente usados em Design e Engenharia), ou escaneadores em geral (utilizados em jogos, animações, entre outros).
Portanto, o pós-processamento de imagens médicas — facilitado pela evolução tecnológica de softwares de modelagem tridimensional virtual — podem fornecer novas aplicações para representações tridimensionais.
O modelo transparente apresentado aqui representa uma grande inovação tecnológica, pois pela primeira vez na História uma mãe foi escaneada tridimensionalmente. O corpo passou por um escaneador corporal e, em seguida, foi realizada uma ressonância magnética. Este pós-processamento permitiu o alinhamento preciso dos arquivos tridimensionais obtidos: o corpo da mãe, pelo escaneamento corporal 3D; e o feto, pela MRI. O resultado final é um modelo tridimensional de alta resolução com uma visualização precisa do feto dentro da mãe. Este modelo posteriormente foi impresso em 3D pela tecnologia de adição multimaterial (OBJET Connex 350), que permitiu a impressão de uma imagem tridimensional transparente do corpo da mãe com a visualização do feto dentro de seu ventre.
A tecnologia de adição multimaterial permite a conversão de um modelo tridimensional virtual para físico através de um processo fácil e rápido, com dimensões precisas. O processo de construção transfere os dados do arquivo para um equipamento prototipador tridimensional rápido que constrói modelos físicos sobrepondo finas camadas da matéria-prima.
Esse estudo introduziu o uso de modelos físicos na pesquisa fetal, uma área em que existem poucos estudos de modelagem tridimensional digital. Os resultados sugerem novas possibilidades na interação entre pais e feto durante o acompanhamento pré-natal, recriando fisicamente o útero durante a gravidez, mostrando o tamanho real do feto e sua anatomia.
Baseado nestes resultados, cremos que modelos físicos podem, num futuro próximo, auxiliar no estudo tátil e interativo de diversas disciplinas da área médica. Essa técnica também se mostra útil para prospectivos pais — em particular, pais com deficiência visual — ao possibilitar uma conexão emocional mais direta com o bebê durante a gestação, ao recriar um modelo 3D com as características físicas do feto.
Modelo transparente de mulher grávida, com um feto dentro do útero visível. Impresso em tecnologia 3D multimaterial utilizando OBJET CONNEX; modelo obtido a partir da combinação de arquivos 3D obtidos por ressonância magnética e escaneamento corporal.